Em meados de abril, em uma reportagem da revista Wired, o arquiteto chefe do próximo console da Sony, Mark Cerny, falou sobre o novo videogame da família PlayStation – que até então está sendo chamado de PlayStation 5 pela mídia -, revelando alguns detalhes técnicos sobre o hardware.
Dentre os dados mais importantes que ele estava autorizado a falar na época, estavam as seguintes informações: SSD para diminuir consideravelmente os tempos de loadings (e que vai vir junto da versão básica do videogame) e GPU baseada por sua vez no modelo Navi da Radeon com tecnologia ray tracing para os gráficos.
Ainda foi dito que o console da Sony teria retrocompatibilidade, o que alegrou muitos aos fãs de longa data da empresa; mas o “tempero especial do console” segundo Lisa Su, CEO da AMD, será o chip Ryzen 3000 de 7 nanômetros e microarquitetura Zen 2.
Será este pequeno monstrinho que alimentará o console, que dentre outros recursos, ainda promete suporte a TVs de 120Hz, 8K e 120fps.
Agora, vamos analisar o outro lado do espectro: o Project Scarlett, próximo console da linha Xbox, também será alimentado por um processador e um chip gráfico da AMD. Enquanto o primeiro conta com tecnologia Zen 2, o segundo segue pertence à linha Navi.
Isso significa que o Project Scarlett também será poderoso – embora a Microsoft não tenha detalhado ainda qual exatamente será o processador do console. A GPU com tecnologia Navi, por outro lado, garantirá ray-tracing ao videogame também.
A memória de vídeo será uma GDDR6 e a companhia está trabalhando em seus próprios SSDs aparentemente, que servirão como um híbrido de armazenamento HD e memória RAM virtual, diminuindo consideravelmente os tempos de loading.
No trailer em que a equipe do Xbox comenta sobre o próximo hardware a entrar para a família, é dito que o console tem um poder de processamento é 4x maior do que o do atual videogame da companhia – além de o Project Scarlett possuir uma performance “40 vezes maior que um Xbox One X“.
Por fim, a promessa é que o próximo console chegue a processar mais de 120 taxas de quadros por segundo (fps) e tenha suporte a resolução 8K.
Além disso, Phil Spencer deixa claro no vídeo que o Project Scarlett vai poder se conectar com outros aparelhos da linha, garantindo “4 gerações de conteúdo” – o que podemos resumir em retrocompatibilidade com os jogos antigos da marca.
É curioso notar como ambas as marcas estão se preocupando bastante com retrocompatibilidade, quando no início (e no meio) desta geração, os grandes representantes da Sony e da Microsoft. Mas claro, tudo é uma questão de gerência, aparentemente.
Quando Don Mattrick estava por trás da divisão Xbox, ele soltou muitas declarações polêmicas relacionadas ao Xbox One, dentre as quais está a infame: “Se você é retrocompatível, você é ultrapassado”, dita por ele em uma entrevista ao The Wall Street Journal em 2013.
O antigo presidente do Xbox não acreditava no console, basicamente, e chegou a indicar que os jogadores comprassem o Xbox 360 se não quisessem ceder à conectividade da geração na época..
A Sony também não fica muito atrás com o (na época) presidente da divisão europeia da do PlayStation, Jim Ryan afirmando à revista Time em 2017 que, embora a retrocompatibilidade fosse um recurso muito pedido, ele na verdade “não era muito utilizado”.
“Eu estive em um evento de Gran Turismo recentemente, onde eles tinham os jogos para PlayStation 1, 2, 3 e 4; e os jogos para PS1 e PS2 pareciam velhos. Como alguém joga aquilo?”, disse o chefe da Sony Interactive Entertainment (SIE).
Agora, porém, com Phil Spencer à frente do Xbox, as coisas parecem estar mudando. Vale apontar ainda que Ryan foi nomeado presidente da SIE em abril deste ano e (veja só), afirmou que a “retrocompatibilidade é incrivelmente essencial”.
Felizmente, a companhia parece estar com a mente mais aberta para o recurso atualmente, ainda mais com o sucesso do Xbox Game Pass da marca rival.
Se os dois consoles da próxima geração entregarem tudo que prometem em termos técnicos, os próximos hardwares poderão realmente inovar a indústria de alguma forma.
O ponto mais importante, porém, ao analisar toda a trajetória dos atuais consoles, é que ambas as companhias parecem ter aprendido com seus erros, e estão mais dispostas a respeitarem seus públicos, entregando serviços de qualidade para os usuários, tanto em aspectos técnicos quanto em termos de recursos.
É possível argumentar que “não é mais do que a obrigação deles”. Mas, analisando todo o histórico do PlayStation 4 e do Xbox One, é possível perceber como os altos e baixos moldaram as marcas para este momento.
Certamente os problemas com discos ejetados e as luzes da morte que pifaram o PS4, a falta de investimento no Project Gaikai (PlayStation Now), o DRM “sempre online” do Xbox One, a ausência de retrocompatibilidade e tantos outros pequenos infortúnios – alguns deles corrigidos ao longo do tempo – fizeram com que as companhias aprendessem e valorizassem isso.
Resta saber o que é que eles vão entregar de todo esse aprendizado, se estes avanços tecnológicos serão bem aproveitados, e se o preço destes consoles será ao menos acessível para o público.