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Conheça Gabriela Toloi, a primeira atriz brasileira a atuar em Doctor Who

Atriz ficou conhecida no Brasil por viver Aurora na série Psi, da HBO

Gabriela Toloi em Doctor Who/BBC

Em seus 57 anos de história, Doctor Who já levou seus protagonistas, companions e espectadores para diferentes lugares e eras da humanidade. Do México no século XV em “The Aztecs” (1964) à Índia dos anos 1900 de “Demons of The Punjab” (2018), a clássica série da BBC explorou diversas culturas diferentes além da britânica, seguindo a premissa de entreter e educar crianças e adolescentes estabelecida por Sydney Newman nos anos 1960. Ao longo dos anos, o crescimento da produção fez com que atores de diversas nacionalidades entrassem para o elenco da série, mesmo que em papéis pequenos. Em 2020, a atriz Gabriela Toloi, mais conhecida por sua participação na terceira temporada de Psi, da HBO, se tornou a primeira brasileira a atuar em Doctor Who, aparecendo como Jamila no episódio “Praxeus”.

Não importa o tamanho do seu papel, eles sempre te dão uma importância grande, porque você está fazendo parte da trama, independentemente do tamanho do seu personagem”, afirma a atriz ao comparar HBO e BBC, duas emissoras internacionais responsáveis pela criação de séries icônicas. Toloi teve um papel de destaque no terceiro ano de Psi e agora foi uma das vítimas da misteriosa doença do sexto episódio da 12ª temporada de Doctor Who. Apesar da diferença de importância entre os papéis, ela ressalta que foi  tratada com respeito pelas equipes das duas produções, reforçando que ambas “têm um carinho muito grande pelos projetos e pelas pessoas que assistem, então é muito bacana”.

Sobre as diferenças nas gravações de Psi e Doctor Who, a atriz comenta sobre a questão confidencialidade que vem ao fazer uma série com quase 60 anos e um dos fandoms mais apaixonados do mundo. “Entre gravar o episódio e ele sair demorou um ano, e Doctor Who é uma série que movimenta muitos fãs, eles fazem teorias e correm atrás de informação. A gente foi instruído a tomar muito cuidado e realmente ficar bem quieto”, contou Toloi, afirmando que o público da série brasileira costuma ser formado por psicólogos e psiquiatras que não criavam preocupações em relação a spoilers. “Pra mim foi muito engraçado o quanto guardar aquele segredo era importante”.

Entrando no universo de Doctor Who

Atualmente, Doctor Who e os vários segredos que cercam sua produção são temas de discussão entre os fãs mais apaixonados, que teorizam desde o destino de companions à escalação de novos Doutores, que costumam ser anunciados com pompa em eventos dedicados ou teasers de um grande evento. Por outro lado, o chamado recebido por Toloi para integrar um dos mais ricos universos da ficção científica da cultura pop veio em um momento rotineiro. Visitando a família no Brasil após um ano de pós-graduação na Inglaterra, a atriz estava passeando com a mãe em um shopping em São Paulo quando recebeu uma ligação de seu agente. “Eu fiquei super eufórica, porque é uma oportunidade que não se espera tomando um café à tarde no shopping com sua mãe”.

Aqui no Reino Unido os testes para séries e peças são bem remotos. Você recebe um pedido de uma selftape, que nada mais é do que um texto que você recebe e grava em casa ou num estúdio, manda pros produtores de casting e eles analisam” continuou a atriz, que filmou as falas ao lado do pai. Como os produtores de Doctor Who procuravam alguém com um sotaque mais presente para interpretar as personagens brasileiras – além de Toloi, a portuguesa Joana Borja também vive uma viajante vinda do Brasil -, o teste de Gabriela foi um sucesso.

Com experiência em diversas peças independentes, formação profissional em atuação na Universidade de São Paulo e pós-graduada no Drama Studio London, Toloi não se sentiu intimidada com sua entrada para o Universo de Doctor Who. Apesar de ser o sexto capítulo da temporada, “Praxeus” foi gravado em janeiro de 2019, logo no começo da produção do 12º ano. Assim, o set contou tanto com o elenco principal, quanto com vários nomes importantes da equipe. “São pessoas extremamente bacanas, super receptivas e interessadas. A coisa que mais escuto é ‘nossa você é brasileira e mudou pra esse país tão cinzento, tão chuvoso, por que você não ficou lá, queria eu morar num país que tivesse tanto sol!’”.

Eles têm muita curiosidade, acham muito bacana uma pessoa que vem de um país a um oceano de distância, que teve a coragem de vir pra cá e estar ali compartilhando o mesmo espaço que eles. Em nenhum momento aconteceu de eu falar ‘estou me sentindo diferente aqui’”, seguiu Toloi, que gravou grande parte de suas cenas na África do Sul. Segundo a atriz, as semelhanças entre os sul-africanos e os brasileiros também ajudaram na sua integração. “Eu me senti bem em casa, pra ser sincera. E tive também uma diária em Gales, em Cardiff, onde gravam a série, e também não notei diferença nenhuma”.

Toloi diz que o quarteto principal da série, formado por Jodie Whittaker (13ª Doutora), Tosin Cole (Ryan), Mandip Gil (Yas) e Bradley Walsh (Graham), também mostrou interesse pela vida e carreira dos outros colegas de elenco, convivendo sempre que possível com os outros atores. Juntos desde 2017, quando começaram a gravar a 11ª temporada, os quatro britânicos não formavam uma “panelinha” no set. “Pelo contrário, a gente almoçava todos juntos e entre as tomadas, no momento em que a câmera estava sendo preparada, ficava junto esperando para gravar o próximo take. São muito receptivos, sempre queriam saber sobre a gente, quem a gente era, conversar, bater papo, e até formamos amizade por causa disso”, conta a atriz, que contracenou principalmente com Whittaker e Cole, mas conviveu com os demais atores nos bastidores.

Doutor Quem?

Apesar da fama inegável na Inglaterra, Doctor Who não está necessariamente inserida no DNA dos atores da série. Por conta do espaço de 16 anos entre o fim da era clássica e a primeira temporada do reboot, em 2005, astros como Matt Smith (11º Doutor) e Whittaker tiveram seu primeiro contato real com o universo Whovian durante seu processo de testes para o papel principal e com Toloi não foi diferente. “Eu conhecia a série Doctor Who antes de fazer parte, mas nunca tinha assistido. Conhecia porque eu era bem fã da série Sherlock, e o showrunner das séries era o mesmo [Steven Moffat, criador de Sherlock, ocupou o cargo entre 2011 e 2017]”.

Também a exemplo de Smith e Whittaker, não ter assistido a série não foi exatamente um empecilho para a brasileira que, por viver na Inglaterra, contou com a ajuda de amigos e colegas para se inteirar sobre o universo do qual faria parte. “O menino que mora comigo fez uma lista de 10 episódios que eu deveria assistir antes de gravar e me ensinou toda a história todo o universo. Eu, que nunca fui uma grande fã de ficção científica e fantasia, achei super bacana, especialmente os episódios mais históricos, que são minha vibe”.

Os whovians, apaixonados fãs de Doctor Who, também abraçaram a chegada de Toloi à série. A atriz participou de um podcast sobre a série e da live do episódio promovidos pelo Doctor Who Brasil, um dos principais fan-sites nacionais da produção, e viu seu Twitter, ferramenta que raramente usava, receber diversas mensagens de espectadores após a exibição original do episódio, que foi ao ar em 2 de fevereiro na Inglaterra. “Até ficava meio perdida sobre como responder. O pessoal do Brasil é muito apaixonado pela série e é legal de ver o quanto o pessoal se importa, gosta e acompanha”.

O contato com o fandom britânico pode não ter sido tão intenso, mas também foi divertido. Além de algumas cartas e recados de fãs, Toloi conta que “um professor mandou pra gente no Twitter uma carta dizendo que passou pros alunos dele o episódio [“Praxeus” fala sobre poluição e o uso excessivo de plástico] e eles colocaram o que mais gostaram e o que menos gostaram. Falaram que não gostaram que minha personagem explodia, mas que a maquiagem era muito assustadora”.

Foi um contato muito legal e eu fico muito feliz toda vez que recebo algum comentário ou post, ou pessoas dizendo que o sonho delas era atuar, e por conta da minha participação elas se sentem motivadas”.

Drácula está ainda mais assustador no trailer final da série da BBC e Netflix

Desenvolvida pelos criadores de Sherlock, produção chega ao streaming neste mês

A Netflix divulgou o trailer final da minissérie Drácula, obra dos criadores de Sherlock inspirada no clássico de Bram Stoker. A série se passa em 1897, quando o personagem planeja seu ataque na cidade de Londres. O protagonista é interpretado por Claes Bang (The Square: A Arte da DiscórdiaMillennium: A Garota na Teia de Aranha). Confira acima.

A produção tem três episódios escritos por Mark Gatiss Steven Moffat (Sherlock) e dirigidos por Jonny Campbell (Westworld), Damon Thomas (Killing Eve) e Paul McGuigan (Sherlock).

A série da BBC e da Netflix ainda conta com Joanna Scanlan (Notas Sobre um Escândalo), Morfydd Clark (Orgulho e Preconceito e Zumbis) e Lujza Richter (Trama Fantasma) no elenco.

A estreia de Drácula está marcada para 4 de janeiro no streaming.

Doctor Who | Anjli Mohindra e Laura Fraser farão participações na 12ª temporada

Fraser é conhecida por Breaking Bad e Mohindra já é conhecida da série da BBC

Cartaz de Doctor Who

A BBC anunciou que a 12ª temporada de Doctor Who terá as participações especiais de Anjli Mohindra (Bodyguard) e Laura Fraser (Breaking Bad).

Mohindra já é conhecida do universo da série, já que protagonizou a série derivada The Sarah Jane Adventures (2007-2011). No entanto, aqui a atriz interpretará outra personagem. Já Fraser, a Lydia de Breaking Bad e Better Call Saul, não teve detalhes sobre sua participação reveladas. 

A 12ª temporada de Doctor Who tem Chris Chibnall (Broadchurch) como showrunner e segue com Jodie Whittaker no comando da série como a 13ª Doutora. Além de Tosin Cole e Mandip Gill, o elenco tem também Bradley Walsh como companheiro da Senhora do Tempo.

No Brasil, quem assume a transmissão é o Globoplay, que já disponibilizou as temporadas anteriores em seu catálogo. Os novos episódios chegam ao país no início de 2020.

A Guerra dos Mundos | Aliens invadem a Inglaterra em trailer de minissérie

BBC adapta obra de H.G. Wells em três capítulos

Nova minissérie da BBC, A Guerra dos Mundos adapta a pioneira obra de ficção científica de H.G. Wells em três episódios e mostra toda a tensão e destruição trazida pelos invasores extraterrestres – veja acima.

A história companha o casal George (Rafe Spall) e Amy (Eleonor Tomlinson), que decide se casar apesar do julgamento sofrido por suas diferentes origens sociais. Em meio ao preconceito enfrentado pelos dois, a humanidade é invadida por uma sociedade alienígena extremamente avançada, com tecnologia extremamente superior à disponível nos anos 1910.

Em exibição no Reino Unido, A Guerra dos Mundos não tem data para chegar ao Brasil.

 

His Dark Materials | Jornada se inicia em novo teaser; confira

Data de estreia ainda não foi revelada

His Dark Materials, a nova série de Fronteiras do Universo da HBO, ganhou um novo teaser, focando no início da jornada da protagonista. Confira acima.

A adaptação de His Dark Materials trará Dafne Keen no papel principal, Ruth Wilson, James McAvoy, Lin-Manuel Miranda e Clarke PetersTom Hooper, vencedor do Oscar por O Discurso do Rei, dirigirá os primeiros dois episódios.

A Very English Scandal | Crítica

Minissérie da BBC traz Hugh Grant de volta a TV e reconta um escândalo britânico com ritmo ágil e um inesperado humor

A Very English Scandal

A história do parlamentar Jeremy Thorpe (Hugh Grant) não é diferente de muitas histórias de clandestinidade amorosa entre homens, que resistem ao tempo independente dos progressos alcançados pela comunidade LGBT. Para a vida pública, a revelação da homossexualidade ainda é um problema. Rick Martinpor exemplo, passou décadas negando que era gay e só veio a público com sua verdadeira orientação depois de já estar numa posição de soberania na própria carreira. Atores, atrizes, cantores… Essas são posições que exigem heterossexualidade principalmente porque o apelo sexual perante o público é parte do negócio. Entre os políticos as razões para o armário são ainda mais objetivas: uma reputação moral pode garantir muitos e muitos anos de uma sólida trajetória.

Na primeira cena do primeiro episódio de A Very English Scandal, Thorpe tem uma conversa emblemática com um amigo que está na mesma posição que ele: ambos têm vidas homossexuais secretas. Os britânicos, famosamente discretos e contidos, tem sua forma polida de lidar com as próprias emoções. Então, lá estão aqueles dois homens, quantificando em porcentagem o quão cada um deles é gay, contando mentiras um para o outro, e certos apenas de uma coisa: não há a menor possibilidade de que se revelem para o mundo espontaneamente. Para eles, e para aquela fatia da sociedade dominante, não há espaço para assumir a naturalidade, não se ela tivesse qualquer traço marginal.

A produção histórica da BBC tem uma missão curiosa: levar ao público a um grande escândalo, que poderia ter envolvido mortes e grandes tragédias, mas que realmente só é prejudicial para aqueles que tinham uma orientação sexual para esconder. A história de Thorpe é simples: ele começa um relacionamento com um jovem aspirante a modelo e consegue mantê-lo em segredo por muito tempo. Quando a ascensão da carreira se torna iminente, ele é aconselhado a impedir de qualquer maneira que a história dos dois venha à tona. A esdrúxula tentativa de assassinar Scott (Ben Whishaw) resulta em uma denúncia e o mundo finalmente descobre a verdade sobre o promissor parlamentar.

Dirigida por Stephen Frears (A Rainha, Victor e Victória), a minissérie tem apenas três episódios e um ritmo surpreendente ágil para uma produção que encara uma época em que a homossexualidade tinha acabado de ser descriminalizada. Produções de época, com grandes atores, um diretor altamente premiado – era de se esperar um uma narrativa lenta, hiper detalhista e cheia de interpretações visceralizadas. O grande diferencial de A Very English Scandal, então, é justamente sua natureza pop, que não se leva a sério demais, embasado pelo fato de que, no final das contas, esse é um escândalo que não resulta em fatos trágicos; e é protagonizado por um homem que quase faz de seu “armário” um rastro de sangue. Esse é o ponto, Jeremy não é um mocinho injustiçado pela sociedade que tem motivos para se esconder, mas não tem o direito de matar.

A figura de Scott também é controversa e muitas vezes vivida de modo quase caricato por Whishaw . Há um certo humor nos episódios e em grande parte isso se deve a ele, se não pelas caras e bocas, pelas saídas “bordonescas” que o roteiro reforça, como a insistência do rapaz em afirmar que só queria um cartão do seguro social e que nem isso Jeremy conseguiu lhe dar. É claro que a história poderia ser muito trágica caso a tentativa de assassinato tivesse sido bem sucedida, mas a narrativa dá aos fatos um tom farsesco, como se estivéssemos assistindo a uma trupe de palhaços enrolados no próprio número.

Hugh Grant alcança perfeitamente a proposta da produção e não vilaniza e nem protege o personagem. Por ser uma história sem extremos sangrentos, as viradas se focam muito na exploração da verdade sobre Jeremy e o romance com o rapaz. O humor, então, entra em cena novamente e mesmo que o nível de exposição seja máximo, é impossível não rir das descrições de ato sexual que Scott dá em seus depoimentos. O estranho e ligeiro julgamento dos envolvidos poderia ser tenso, mas a abordagem da direção se mantém na comicidade, deixando mais leve a evidência do preconceito e discriminação que assolam as nações – seja nos anos 70 ou nos anos 2000. Se essa é a melhor saída, não é possível dizer com certeza, mas A Very English Scandal se mantém como uma produção muito correta e polida, verdadeira e inesperadamente engraçada.

A Very English Scandal
Encerrada (2018- )

Criado por: BBC

Duração: 1 temporada

Nota do Crítico:fourhandsÓtimo

Doctor Who – 11ª Temporada |Crítica

Jodie Whittaker combina a autoridade e compaixão dos Doutores clássicos com o carisma dos recentes para dar nova e otimista identidade ao seriado da BBC

Doctor Who - 11ª Temporada

Regenerações são facilmente os momentos mais empolgantes de Doctor Who. A troca de intérpretes do protagonista abre inúmeras possibilidades de novas histórias e novos personagens. A chegada de novidades nunca foi tão forte quanto na 11ª temporada, já que o seriado teve a entrada de Chris Chibnall (Broadchurch) no posto de showrunner e, claro, um novo rosto para comandar a TARDIS: Jodie Whittaker como a 13ª Doctor.

Não é de agora que a BBC tentava emplacar uma nova era para a série: ainda que Peter Capaldi seja o ator mais experiente a assumir o posto a partir de 2005, seu Doutor sofreu com roteiros inconsistentes e pouco impactantes – o que se tornou ainda mais agravante por se passar após a fase altamente popular de Matt Smith. O 10º ano tentou recomeçar, colocando a vasta mitologia do programa de plano de fundo e guiando o espectador pela perspectiva de Bill (Pearl Mackie), uma nova companion, mas o fim iminente da jornada do 12º Doctor impediu que isso servisse como ponto de partida para novas aventuras de Capaldi, já que tudo que foi conquistado não seria utilizado futuramente.

A produção utiliza fórmula parecida para Whittaker. A Doutora não carrega nenhum dos companheiros, inimigos ou pontas soltas de seu antecessor. O universo do programa é apresentado novamente, mas sem o tom explicativo que marcou a temporada de Christopher Eccleston, de 2005. Para o padrão atual de Doctor Who, essa nova era tem uma abordagem minimalista ao conceito do seriado: a protagonista junta colegas para viajar o espaço-tempo, sem o gancho de uma grande ameaça ao universo, questões misteriosas ou sequer um vilão principal – apenas o espírito aventuresco dos personagens e o desejo de fazer o bem. É uma temporada que funciona quase como um procedural, em que a Doutora e seus amigos semanalmente viajam pela história ou por civilizações alienígenas resolvendo problemas que aparecem em contos isolados.

Como ano introdutório, isso funciona muito bem. A Doutora é consistente ao longo de todos os episódios, sempre deixando claro ser contra a violência e tendo como objetivo a resolução pacífica. É uma caracterização mais puxada às versões originais do personagem – o Doutor só foi mesmo virar um “herói de ação” a partir da era de Eccleston -, mas combinando essa autoridade clássica com o bom-humor e sagacidade dos atores mais recentes.

Essa combinação dá certo pelo talento de Whittaker. A atriz passa aos espectadores a curiosidade e bom-humor da viajante espacial, mas também não deixa a desejar na carga dramática e emocional que momentos delicados pedem. A produção entendeu com quem está lidando, e faz bom uso de sua experiência teatral ao colocá-la em cenas mais longas, com poucos cortes. Whittaker acerta o raro equilíbrio entre talento puro e personalidade marcante e divertida.

Olhando Pelo Lado Positivo

Na última década a televisão passou a explorar personagens complexos em tramas sombrias e realistas, e Doctor Who puxou algumas dessas características. Por mais que Eccleston, Tennant, Smith e Capaldi fossem extremamente carismáticos, suas versões do Doutor eram homens atormentados pela guerra entre os Time Lords e os Daleks – e muitas das suas jornadas ressaltaram o conflito interno do herói que quer fazer o bem enquanto carrega o peso do passado. Mas o mundo mudou bastante desde 2005, e como resposta a televisão está entrando em uma nova tendência de explorar o otimismo em meio ao caos, visto o sucesso de séries como Brooklyn Nine-Nine e This is Us.

Nesse ponto, o entusiasmo da 13ª Doutora e suas aventuras são especialmente certeiros. Os capítulos exploram diversas situações de injustiça e intolerância, cujas mensagens são altamente necessárias para os dias de hoje: o ótimo capítulo “Demons of Punjab“, por exemplo, mergulha no contexto histórico da partição da Índia para discutir família e coexistência entre diferentes religiões; já “Rosa“, outro destaque da temporada, ressalta a importância de resistir à opressão e como essa luta influencia as gerações futuras. Isso, combinado com o carisma de Whittaker e a disposição de sua personagem em arriscar-se pelo próximo, tornam a série, mais do que nunca, algo reconfortante, educativo e apaixonante de se assistir.

A ideia de reintroduzir a personagem para um novo público pode ser um pouco cansativa para os espectadores veteranos – ainda mais não sendo a primeira vez que acontece – mas é algo que deu bastante resultado em termos de audiência. Renovar o público é fundamental para a continuidade de qualquer série, e Doctor Who, em especial, tem a habilidade de fazer isso sem deixar de ser intrigante para os fãs estabelecidos – afinal, ficar no ar por mais de meio século não é para todos.

A 13ª Doutora tem um começo muito bom nas mãos. Chibnall e sua equipe estabeleceram cuidadosamente seus personagens ao longo da temporada. Ainda que nenhuma de suas aventuras tenha sido grandiosa, foi o bastante para despertar a curiosidade de ver como a protagonista e seus companions lidarão com todo tipo de desgraça que o universo jogará em seus caminhos – com certeza, enfrentando-as com compaixão e um sorriso no rosto.

A 11ª temporada de Doctor Who está disponível no catálogo do serviço de streaming Crackle, que transmite o seriado no Brasil.

Doctor Who (2005 – )
Doctor Who

Nota do Crítico:fourhandsÓtimo

Doctor Who | BBC confirma a 12ª temporada em 2020

Jodie Whittaker confirmou que continua no papel principal

Camila Sousa/omelete/09.12.2018

A BBC divulgou um release confirmando que a 12ª temporada de Doctor Who será lançada apenas em 2020 (via Bleeding Cool). A previsão de lançamento é para o começo do mês e Jodie Whittaker está confirmada de volta.

Em 2019, Doctor Who terá um especial intitulado “Who Year’s Day”, que vai ao ar na BBC America em 1 de janeiro de 2019.  No Brasil, o serviço de streaming Crackle se encarrega da exibição simultânea do programa.

Doctor Who não exibirá seu tradicional especial de Natal em 2018

Ao invés disso, série deve apresentar especial de Ano Novo

A tradição do especial de Natal de Doctor Who está chegando ao fim em 2018. Chris Chibnall, o showrunner da atração, confirmou que, pela primeira vez desde que Doctor Who foi relançado em 2005, não haverá um episódio especial para ser exibido no dia de Natal. (via ComicBook)

Chibnall revelou que a razão para a interrupção do clássico é bem simples: de acordo com ele, após 13 anos do evento anual, a equipe criativa ficou sem ideias para uma nova história mirabolante. “Eu meio que acho que já sugamos tudo que pudemos sobre o Natal em Doctor Who“, disse Chibnall.

Mas isso não significa que não haverá um episódio bônus nos feriados de fim de ano. “Eu definitivamente acho que haverá algo após o final da temporada“, diz Chibnall.

De acordo com o The Mirror, dessa vez Doctor Who fará um especial de réveillon ao invés de um especial de Natal, com uma história relacionada à vinda do novo ano. Este pode ser o único episódio de Doctor Who em 2019, já que as filmagens da segunda temporada com Jodie Whitaker foram adiadas e não devem começar até 2019.

No Brasil, o serviço de streaming Crackle se encarrega da exibição simultânea do programa.

Doctor Who | “Gênero da doutora se torna irrelevante”, diz Jodie Whitaker

Atriz falou sobre vulnerabilidade em protagonistas femininas

Julia Sabbaga/omelete/07.10.2018

Em entrevista na New York Comic Con, Jodie Whittaker falou sobre a mudança de gênero para a personagem de Doctor Who, e enfatizou que, apesar de gerar bons momentos durante a temporada, a transformação não é algo revelante em si:

“Gênero é imediatamente irrelevante porque eu estou interpretando a Doutora. Claramente eu sou outra atriz, então é diferente, mas não em termos do gênero. O que pode ser interessante na temporada é que, às vezes, na história, você pode ir para um lugar onde mulheres são tratadas diferentemente, mas o arco não explorará uma Doutora mulher. É apenas a Doutora”. 

Whittaker, no entanto, diz que é uma oportunidade para representar personagens femininas mais terrenas: “Uma super-heroína ou protagonista feminina sempre tem uma força que não é humana, ou uma aparência física dos sonhos, mas o que eu amo do Doutor em todas as suas encarnações passadas é que ele sempre se pareceu com alguém poderia ser seu vizinho, seu amigo, e rir junto. Isso é ótimo de ver: vulnerabilidade e falhas, o que é raro em personagens femininas”.

O retorno da série marcará uma mudança também na produção, que agora será comandada agora pelo novo showrunner Chris Chibnall (Broadchurch).

Doctor Who retorna para uma temporada inédita de 10 episódios em 7 de outubro no Reino Unido. No Brasil, o serviço de streaming Crackle se encarregará da exibição.