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Mortes de astros do k-pop alertam sobre pressões nos bastidores dessa indústria

Pressão por perfeição e carreira curta são alguns fatores que afetam os artistas

Grupo de k-pop

Há alguns anos o k-pop tomou conta do mundo. O estilo musical da Coreia do Sul que mistura diversos gêneros musicais com a parte visual entrou na vida vida de muitos jovens e adultos em vários países, que sobem hashtags de seus ídolos nas redes sociais, apoiam todos os lançamentos dos grupos e ficam de olho em cada movimento de suas vidas e carreiras. No entanto, apesar de o k-pop ter esse frescor da juventude, ele também é acompanhado de alguns problemas, principalmente quando se trata de como essa indústria funciona.

A base do k-pop são as agências de gestão da Coreia do Sul, que coordenam as carreiras e formam as bandas. Ou seja, uma banda de k-pop não surge naturalmente, com jovens que se conhecem e gostam de música, e resolvem começar a cantar. Por lá, tudo isso é feito a nível profissional, com treinamentos rigorosos para os potenciais artistas desde uma idade muito jovem. Durante anos, eles aprendem matérias como música e dança e são preparados para ter um determinado comportamento caso sejam escolhidos. Toda essa preparação é supervisionada pelas agências que, ao final do treinamento, formam os grupos. Ao serem escolhidos, esses jovens se tornam idols (ídolos, em tradução livre) e precisam continuar seguindo uma série de regras que abrangem também suas vidas pessoais.

Por exemplo, há contratos da indústria k-pop que proíbem seus idols de namorar; ter tatuagens aparentes (que não são bem aceitas nas transmissões de TV da Coreia do Sul); seus visuais e peso são rigorosamente controlados com dietas e até seus comportamentos são monitorados, como a aparição em festas, etc. De certa forma, é exigida uma imagem de “perfeição” dos idols e tudo isso em uma idade muito jovem. Se por um lado é positivo ter uma empresa que cuida da sua carreira e te auxilia em vários aspectos do trabalho, por outro é difícil lidar com tantas pressões em uma idade tão jovem.

Há ainda uma preocupação muito grande com o fim do sucesso. Atualmente os contratos dos grupos são assinados por 7 anos, com possibilidade de renovação. No entanto, com novos artistas surgindo todos os anos e uma indústria que preza por figuras mais jovens, é comum que idols na casa dos 30 anos busquem novas carreiras artísticas, o que gera ainda mais preocupação a longo prazo.

Impactos

Esse modelo de criação de ídolos gera um impacto muito grande na carreira de vários jovens artistas. Enquanto há grupos que ganham fama mundial, como o BTS, um dos maiores exemplos de sucesso do k-pop, outros infelizmente não conseguem lidar com tanta pressão. Nos últimos anos, o aumento de mortes de artistas do k-pop preocupa e traz a discussão sobre a saúde mental dentro desta indústria e se realmente é positivo condicionar pessoas tão jovens a uma vida tão rigorosa. 2019, por exemplo, teve as mortes impactantes de Sulli, do grupo f(X) e Goo Hara, que fez parte do grupo Kara entre 2008 e 2015. Um dos casos mais recentes é o de Yohan, astro do grupo de TST. Embora a causa de sua morte não tenha sido divulgada a pedido da família, o caso preocupa por fazer parte de uma tendência maior. 

Em entrevista ao NY Times, o jornalista e diretor de cinema Lee Hark-joon, responsável por um documentário da banda Nine Muses e autor do livro K-Pop Idols: Popular Culture and the Emergence of the Korean Music Industry, falou sobre como é difícil para os idols ter a perspectiva de uma vida comum: “Desde muito cedo, eles vivem uma vida mecânica, passando por um regime de treinamento espartano. Eles raramente têm a chance de desenvolver uma vida escolar ou relacionamentos sociais normais”.

Embora a indústria do k-pop se destaque por sua rigidez e controle da vida dos idols, isso não é exclusividade do país. Infelizmente, a indústria de entretenimento ocidental muitas vezes também se mostra nociva na vida pessoal de artistas que começam a carreira cedo. Ainda que haja glamour e festas, não é difícil ter exemplos de jovens artistas que se envolvem com drogas ou desenvolvem distúrbios após muitos anos na carreira artística. A maior diferença é que no ocidente costuma haver um “momento de libertação”, quando jovens se desvencilham de suas imagens perfeitas colocadas na adolescência e mostram que mudaram, como aconteceu com Miley Cyrus e Justin Bieber, por exemplo. Porém, em uma cultura tão severa como a oriental, é muito mais difícil conseguir fazer isso.

O k-pop é um fenômeno e não há dúvidas de que o sucesso do gênero está ajudando a divulgar a cultura sul-coreana pelo mundo. Para os fãs, as músicas dançantes acompanhadas de lindas coreografias e MVs (music videos) são muitas vezes um alento em momentos difíceis. O k-pop leva alegria para os fãs. No entanto, ainda que o formato dessa indústria funcione a nível empresarial, é hora de começar a pensar também se ele é o melhor para os artistas e como eles podem sentir um pouco da esperança que transmitem para seu público. 

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The Walking Dead | Conheça a Princesa, personagem apresentada na 10ª temporada

Com roupas coloridas, Juanita Sanchez – ou a Princesa de Pittsburgh – é parte importante do grupo nas HQs de Robert Kirkman

Paola Lázaro como Juanita Sanchez, nova personagem da 10ª temporada de The Walking Dead

Look at the Flowers”, episódio 14 da 10ª temporada de The Walking Dead, é concluído com a chegada de uma nova personagem. Quando Eugene (Josh McDermitt), Yumiko (Eleanor Matsuura) e Ezekiel (Khary Payton) cruzam a cidade de Pittsburgh, encontram cenários inusitados em que os zumbis estão amarrados “reencenando” momentos cotidianos, como um casal no restaurante ou uma policial aplicando multas de trânsito. Logo se revela a dona desse humor curioso, uma figura armada, de cabelos coloridos e roupas chamativas. Mas quem é ela?

A personagem se chama Juanita Sanchez. Nas HQs de Robert Kirkman, ela se apelida de a Princesa de Pittsburgh – ou só Princesa, como pede que os outros a chamem. Assim como na série, ela é introduzida no arco seguinte à guerra dos Sussurradores e se torna parte do grupo principal ao ser convidada por Eugene. Ela é conhecida por seu visual colorido e atitude infantil e brincalhona, mas é bastante habilidosa na hora de descer a porrada em zumbis. Apresentada na edição #171 dos quadrinhos, ela marca presença até o fim da trama, e ao longo do caminho revela ter um passado conturbado.

Na TV, a Princesa é vivida por Paola Lázaro. Porto-riquenha, ela tem experiência como roteirista no teatro de Nova York, tendo emplacado certo sucesso com Tell Hector I Miss Him, no circuito de fora da Broadway. Lázaro também tem alguns papéis na TV e cinema: em 2018, atuou ao lado de Keke Palmer em Pimp, e depois passou por algumas séries, como SMILF e Wu-Tang: An American Saga. Seu trabalho televisivo de maior duração foi como a detetive Gutierrez na terceira temporada de Máquina Mortífera.

Pelo teaser do episódio 15, Princesa terá certo destaque ainda na 10ª temporada. Considerando que muitos dos personagens que com quem interage nos gibis já não estão mais na série, como Rick e Michonne, sua versão na série deve ter um arco original, apenas levemente inspirado no material-base.

No Brasil, The Walking Dead é transmitida aos domingos pelo canal pago Fox, às 22h10, e também pelo streaming Fox App.

Entenda como Tyler Perry filmou O Limite da Traição em apenas cinco dias

Ator, produtor, diretor e roteirista se tornou um dos grandes nomes do entretenimento nos EUA

Entenda como Tyler Perry filmou O Limite da Traição em apenas cinco dias

Quem acompanha o mundo do entretenimento sabe que, muitas vezes, as filmagens para um filme de grande porte podem durar semanas e até meses. Se contarmos os períodos de pré e pós-produção, longas como os da Marvel e DC podem levar muito tempo antes de estarem prontos para exibição. Não é o caso de filmes independentes e de baixo orçamento, que contam com equipes menores e exigem que menos detalhes sejam acrescentados após o trabalho de gravação com os atores. Mesmo ciente de todos esses detalhes, ainda é surpreendente que O Limite da Traição, filme que entrou no catálogo da Netflix este ano, tenha levado apenas cinco dias para ser filmado.

O feito do diretor Tyler Perry e equipe merece destaque. Muitas vezes a gravação de uma cena simples pode levar horas, considerando que muitas tomadas podem ser filmadas para que o resultado seja o mais fiel possível à visão dos criadores. Isso sem contar as inúmeras possibilidades de disposição de câmeras para que sejam captadas as melhores expressões de quem está atuando. Como, então, juntar essas conquistas em apenas cinco dias para um filme de quase duas horas de duração?

Tyler Perry: aspirante a magnata do cinema

Com mais de 50 produções no currículo, o nome de Tyler Perry não é tão conhecido fora das fronteiras dos Estados Unidos. Após anos trabalhando em parceria com o OWN, canal de televisão da apresentadora Oprah Winfrey e os estúdios da Viacom, um dos maiores conglomerados de mídia e entretenimento do mundo, o ator/diretor/produtor/roteirista construiu o seu próprio complexo cinematográfico em uma área de 330 acres em Atlanta, nos EUA – a cidade também é a casa do Pinewood Studios, local usado para filmar grande parte dos filmes do MCU. Para quem acha que é pouco, o complexo transformou Perry no primeiro afro-americano a possuir um estúdio de grande porte para produções, o que prova o seu poderio dentro do entretenimento no país.

Com toda essa estrutura em mãos, o diretor utilizou o agora nomeado Tyler Perry Studios para produzir o seu primeiro longa em parceria com a Netflix. Para Michelle Sneed, produtora executiva de O Limite da Traição e presidente de produção e desenvolvimento do conglomerado de Perry, as filmagens iniciadas e finalizadas nos cinco dias anteriores ao Natal de 2019 são resultado do trabalho em equipe de todos os envolvidos. “Nós temos alguns dos melhores profissionais do ramo e eu sempre os defenderei”, comentou Sneed em entrevista ao Hollywood Reporter. “Foi realmente uma conquista, mas nós nos conhecemos há muito tempo e somos como uma família. Estamos em Atlanta há 25 anos e isso faz a diferença”.

Responsável pelo roteiro e direção do filme, Perry também encheu de elogios o trabalho de sua equipe. “Enquanto em Hollywood demoram sete dias para filmar um episódio dramático para o horário nobre, nós filmamos dois em quase o mesmo período de tempo. Eu tenho uma equipe que faz o impossível todos os dias. Todos trabalham próximos a mim, o que nos faz sermos capazes de atingir essa façanha. É realmente incrível”.

Impressionado com o poder de execução do estúdio de Perry, o ator Matthew Law, intérprete do policial Jordan Bryant no longa, disse ao THR que a experiência foi intensa, mas também um privilégio. “Perry é um diretor e escritor apaixonado pelo que faz. O cenário era composto por vários tipos de cores, credos, tons e idiomas – todos bem representados. Isso não é típico na maioria das instalações de Hollywood. Fazer parte disso é muito gratificante”.

O currículo do diretor

Apesar de O Limite da Traição ser a sua primeira colaboração com a Netflix, o filme está longe de ser a estreia de Perry atrás das câmeras. Fã do icônico programa The Oprah Winfrey Show, o cineasta se inspirou a começar a escrever ainda no início dos anos 90, assinando algumas peças teatrais nos anos seguintes. A grande virada em sua carreira começou com a criação da personagem Madea em Madea’s Family Reunion, filme produzido direto para televisão e que se tornou um sucesso, principalmente entre a população afro-americana do país.

O sucesso de Madea foi tão grande que rendeu ainda sete continuações para a TV até a sua estreia nos cinemas, em 2005, com o filme Diário de Uma Louca, escrito e estrelado por Perry. Multitarefa, o diretor quase sempre teve mais de uma posição em suas produções, se dividindo entre atuar, escrever e dirigir.

Para o público mainstream, Perry pode ser reconhecido por papéis em grandes produções como o remake de Star Trek (2009), onde viveu o almirante da Frota Estelar Richard Barnett – que não retornou para as sequências de 2013 e 2016 – e o advogado Tenner Bolt em Garota Exemplar, prestigiado filme do diretor David Fincher.

Incansável, o novo magnata do entretenimento ainda tem uma estreia programada para 2020 (via IMDb). Caso não seja adiado por conta do coronavírus, Perry está confirmado no elenco de Those Who Wish Me Dead, thriller estrelado por Angelina Jolie, Jon Bernthal e Nicholas Hoult. Além de O Limite da Traição, o diretor também lançou Ruthless, série derivada de outra criação sua, The Oval, e que está sendo exibida no serviço de streaming BET+, divisão da ViacomCBS nos EUA.

Parque medieval em Westworld? Entenda a cena mostrada ontem (22) na série da HBO

Canal fez uma autorreferência em capítulo que brinca com realidades

Foto de Westworld

Desde que Westworld deixou claro que há vários parques, os fãs se perguntam e fazem teorias sobre quais seriam todos eles. Isso motivou a apresentação do Shogun World na 2ª temporada e retorna agora na terceira quase como uma piscada para os fãs, incluindo uma referência a outra famosa série da HBO.

[Spoilers de “The Winter Line” abaixo]

O trecho em questão mostra Bernard (Jeffrey Wright) caminhando nos bastidores do quarto parque, dessa vez com tema medieval. Em uma sala, dois funcionários da Delos discutem sobre vender uma das criações, nada menos do que Drogon, o grande dragão de Daenerys em Game of Thrones. Para deixar a referência ainda mais clara, os dois funcionários são interpretados por David Benioff e D.B. Weiss, os showrunners de Game of Thrones, cuja participação já estava confirmada há algum tempo.

Além do dragão em si, há anfitriões vestindo roupas medievais e tocando instrumentos da época enquanto Bernard e Stubbs (Luke Hemsworth) tentam descobrir a localização de Maeve (Thandie Newton). Com isso, muitos fãs começaram a se perguntar: será que Game of Thrones é mais um parque de Westworld? Ainda que seja óbvia, a resposta é não. A verdade é que a HBO aproveitou as possibilidades narrativas trazidas por vários parques e fez uma autorreferência divertida para os fãs das duas séries.

Foto de Westworld

Westworld/HBO/Reprodução

No entanto, este não é o único parque mostrado no capítulo. Desenvolvendo a cena pós-créditos da estreia, o seriado apresenta o War World, situado na Segunda Guerra Mundial. É lá que está Maeve, agora Isabella, em uma narrativa que a coloca ao lado do espião Hector, vivido novamente por Rodrigo Santoro. No entanto, por mais que um parque com essa temática seja interessante, é difícil não ver o trecho como uma repetição de conceitos, com Maeve acordando repetidamente dentro da mesma história até entender o que está acontecendo. O que salva é ver a brilhante Thandie Newton em ação. Entre momentos de confiança e medo, Maeve é uma das personagens mais completas da série e que gera mais empatia no público, superando até mesmo Dolores (Evan Rachel Wood) neste quesito.

Rapidamente a série deixa claro que o War World não existe de fato e é uma simulação para conseguir informações de Maeve. Embora seja uma reviravolta, a reação desinteressada da personagem só reflete como a acelerada revelação do plano tem pouco impacto nos fãs. Enquanto nas temporadas anteriores a série fazia questão de demorar bastante para revelar seus mistérios, que tinham grande impacto, aqui isso é tão rápido que tira o peso da trama.

Aliás, essa é toda a sensação geral passada por “The Winter Line”. A jornada de Bernard não serve (aparentemente) para nada além de mostrar os easter eggs de Game of Thrones e a narrativa de Maeve só fica interessante realmente no final, quando ela encontra Engerraund Serac (Vincent Cassel), um dos criadores do Rehoboam. Antes disso, tanto Maeve como os fãs sabem que tudo é uma simulação e nada do que está acontecendo ali tem peso real para o futuro. É bom ver Simon Quarterman de volta como Lee Sizemore? Com certeza! Mas fica a pergunta se, em uma temporada com apenas oito episódios, realmente é válido usar tempo de tela para isso.

Westworld errou em dois extremos narrativos: ser apressada demais no que deveria ter mais tempo de tela e dar um espaço exagerado para uma trama que termina em lugar nenhum. Claro que, com o histórico da série, tudo pode ter um significado maior lá na frente que vai justificar o que foi mostrado aqui. Mas as pistas para isso são tão ínfimas que não rendem nem muitas teorias, ao contrário dos anos anteriores. Fica claro que o caminho seguido por Jonathan Nolan e Lisa Joy na 3ª temporada é menos redondinho do que nos anos anteriores. Se lá eles pareciam ter total controle do que estava em tela, criando uma expectativa que era bem recompensada no final, aqui eles parecem com medo de mergulhar de cabeça no universo que criaram.

O teaser do próximo capítulo já indica que ele será focado em Charlotte (Tessa Thompson) e no mistério sobre quem está em seu corpo. Tomara que a partir de agora Westworld ganhe mais ritmo e não tenha medo de apostar em tramas realmente cativantes, que sempre foram o diferencial da série e o motivo de seu sucesso.

No Brasil, Westworld é transmitida aos domingos pela HBO, e os episódios inéditos também entram no catálogo do streaming HBO Go.

The Walking Dead se despede de Michonne em episódio surreal da 10ª temporada

Capítulo 13 marca saída de Danai Gurira relembrando o legado e os traumas da sobrevivente

No começo de 2019, após o enorme sucesso de Pantera Negra (2018) e Vingadores: Guerra Infinita (2018), Danai Gurira anunciou que deixaria The Walking Dead. Um ano depois sua promessa é concretizada na 10ª temporada, que lhe garantiu uma saída que amarra toda a sua presença na série.

[Cuidado! Spoilers do S10E13 de The Walking Dead abaixo]

What We Become” dá um tempo nos acontecimentos bombásticos da trama principal para se dedicar à personagem, que havia partido em uma missão com Virgil (Kevin Carroll), em busca de armas. Sua jornada, porém, é frustrada ao descobrir que caiu em uma cilada. Michonne se vê manipulada pelo sobrevivente, que quer proteção para assuntos não resolvidos. Ela só percebe a enrascada tarde demais, e é aprisionada em um surto de pânico de Virgil. Ao tentar acalmá-la para garantir sua sobrevivência, ele droga sua comida – e é aí que as coisas ficam interessantes.

Com um toque de surrealismo, o episódio resgata toda a jornada da espadachim. Michonne relembra como todo o seu envolvimento com os sobreviventes veio a partir de uma única decisão: ajudar Andrea (Laurie Holden) em um momento de necessidade, lá na 3ª temporada. Sua alucinação traz à tona este momento para questionar o que aconteceria caso não tivesse intervido. A série, então, encena uma versão alternativa da vida da personagem, em que ela não ganha a confiança do grupo na prisão e é forçada a vagar sozinha e ferida, até que é resgatada pelos Salvadores. Nessa outra realidade, Michonne se tornaria uma espécie de braço-direito de Negan (Jeffrey Dean Morgan), carregando execuções para o vilão e matando sobreviventes, como Glenn (Steven Yeun)… pelo menos até encontrar seu destino nas mãos de Daryl (Norman Reedus) e Rick, durante a grande guerra.

No audiovisual, alucinações são sempre um recurso arriscado. A ideia de mostrar estados alterados pode facilmente ficar visualmente tosca. Por sorte, The Walking Dead acerta a mão ao focar em como a droga potencializa a paranoia e remorso de alguém tão torturada. Mostrar uma vida alternativa pode soar barato, mas é bastante consistente com a série e com a espadachim. É só lembrar de Rick, que “revisitou” todas as pessoas que impactou durante seu excelente episódio final. A abordagem é parecida mas, diferente de Rick, ela não se sente uma heroína. Imaginar outra vida não traz conforto à Michonne, mas sim o peso de seus traumas pela perspectiva de todos que machucou ao longo do caminho.

“What We Become” é uma forte despedida que celebra o legado de Michonne. Não só sua trajetória é reexaminada no capítulo, com cenas de arquivo das temporadas antigas dando as caras, como ele também deixa em aberto que ainda existe um futuro para a sobrevivente. Após atacar Virgil em sua cela e fugir do cativeiro com a ajuda de outros prisioneiros, ela encontra algo deixado por Rick, e percebe que não só ele está vivo como também passou pelo local recentemente. A saída da personagem então serve a função de colocá-la em busca do ex-protagonista, algo que deve sim ser explorado em algum dos filmes de TWD que a AMC desenvolve. Mas a série não a deixa ir sem um teste final.

Para amarrar sua caminhada, os minutos finais colocam Michonne em uma situação muito parecida com sua introdução, forçada a escolher entre seguir sozinha ou se abrir e prestar assistência a estranhos necessitados. Por mais que hesite, ela escolhe ajudar, assim como fez com Andrea há oito anos. Desse jeito, a sobrevivente reforça que, apesar das dificuldades, arrependimentos e inseguranças, ela continuará se arriscando pelo bem dos outros.

No Brasil, The Walking Dead é transmitida aos domingos pelo canal pago Fox, às 22h10, e também pelo streaming Fox App.

Como os adiamentos e cancelamentos por causa do coronavírus afetarão Hollywood

É evidente que a indústria terá um prejuízo bilionário, mas há consequências graves para além da esfera econômica

Antes que você se desse conta, o noticiário da cultura pop foi invadido por uma avalanche de informações relacionadas à pandemia do coronavírus ao redor do mundo. A princípio, foram anúncios pontuais de adiamento de estreias, uma resposta à gravidade da situação na China, um dos principais mercados consumidores das produções hollywoodianas. Porém, conforme astros como Tom Hanks e Idris Elba começaram a se juntar às estatísticas de casos confirmados, e a contaminação tomou de fato uma escala global, suspensão de gravações, cancelamento de eventos e atraso de lançamentos se tornaram cotidianos.

Como resposta, as redes sociais de atores, diretores e demais membros da indústria passaram a ser atualizadas com orientações sobre como se prevenir contra o COVID-19 – ou, simplesmente, como se distrair em tempos de quarentena. Terry Crews, por exemplo, ensinou seus fãs a lavarem as mãos ao som de “I Will Survive”. Já Max Brooks e seu pai Mel Brooks ilustraram a importância do distanciamento social com um vídeo divertido. Ashley Tisdale, por sua vez, sugeriu que todos aprendessem a coreografia de “We’re All in This Together” para se exercitar durante o isolamento. Fato é que mesmo quem não queria se informar sobre o coronavírus foi impactado pela reação da indústria à pandemia.

Em outras palavras, é inegável a gravidade do cenário, assim como as consequências para a saúde e o bem-estar das pessoas. Mas, em uma situação como esta, em que todos estão em casa e as produções para a TV e o cinema paralisadas, Hollywood não será afetada apenas agora. Os efeitos dessa crise global serão sentidos meses depois de superarmos o coronavírus.

Olhando meramente sob o ponto de vista econômico, o cenário é de muitos prejuízos. Com o avançar da doença, algumas gigantes do entretenimento sentiram os efeitos da crise praticamente em tempo real. Calcula-se que, nas últimas três semanas, a Disney tenha perdido aproximadamente US$ 85 bilhões em capitalização de mercado, ou seja, a estimativa do valor de mercado da empresa conforme o preço das suas ações caiu praticamente um terço. A desvalorização das ações da Casa do Mickey foram tão significativas que o analista Bernie McTernan, da Rosenblatt Securities, acha possível que grandes companhias de tecnologia, como a Apple, se interessem em aproveitar o momento para comprar a empresa (via Hollywood Reporter).

A decisão de adiamento dos lançamentos nos cinemas, por sua vez, afeta a expectativa de faturamento do mercado para o ano. No final de janeiro, quando a China era a principal afetada, registrando 2877 casos confirmados e 82 mortes (via El País), projetava-se uma possível queda de US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões na bilheteria mundial, de acordo com o Hollywood Reporter.

Estes atrasos, em alguns casos por tempo indeterminado, criam ainda um nó no calendário de lançamentos e afetam em alguma medida as premiações. Embora a fase de seleção dos indicados ao Oscar ainda demore para acontecer, o início da temporada de apresentação dos potenciais candidatos já foi impactada com o cancelamento do SXSW e o adiamento do Festival de Cannes e outros tantos eventos de cinema. A situação é contornável, é verdade, sobretudo se os festivais marcados para o segundo semestre, como os de Veneza e de Toronto, ocorrerem conforme o planejado. Em resumo, só o tempo – e a eficácia do combate à pandemia – dirá.

Há ainda de se considerar que, com as gravações de longas paralisadas, cria-se um conflito futuro nas agendas dos astros, que costumam estar comprometidos com trabalhos anos a frente. Logo, os estúdios terão que fazer um verdadeiro malabarismo se quiserem manter tanto seus talents, quanto seus cronogramas de lançamentos. Como isso será possível também não está claro.


A Hollywood à mercê

Enquanto uns terão que lidar com o excesso de oportunidades, outros lidam hoje com um cenário de completa escassez. Com tantas paralisações e a orientação do distanciamento social, cabeleireiros e maquiadores, por exemplo, de repente se viram sem trabalho. Muitos, inclusive, não receberam pagamento pelos trabalhos cancelados desde o agravamento da pandemia.

Algumas produções se ofereceram para pagar os membros do sindicato por um período, que varia de dois dias a duas semanas, mas de acordo com o Hollywood Reporter nenhuma delas deu garantia de remuneração até que os trabalhos sejam de fato retomados.

O desemprego se tornou uma realidade também para muitos outros trabalhadores da indústria que, diferentemente de diretores e profissionais em altos cargos, costumam ganhar pouco e por hora, sem ter o direito a convênio de saúde ou receber por dias afastados por doença, ou seja, uma situação mais precária antes mesmo do coronavírus. Neste cenário de pandemia, há um esforço por parte de alguns estúdios e emissoras, é verdade, assim como os governos estaduais e federal do Estados Unidos têm tomado medidas para prestar assistência aos trabalhadores. Mas, de modo geral, o clima é de muita preocupação entre os profissionais que atuam na base da estrutura da indústria.


E no Brasil?

A pandemia do coronavírus é também uma realidade no Brasil. No momento em que esse texto foi escrito, eram mais de 500 casos confirmados da doença no país, com quatro mortes apenas no estado de São Paulo. Diante deste cenário grave, o governador paulista João Dória (PSDB) recomendou o fechamento de shoppings até o dia 30 de abril, medida que afeta também as grandes redes de cinema. Na capital paulista, os cinemas de rua também anunciaram a suspensão das suas atividades, seguindo a orientação do governo do estado que se aplica ainda a museus, teatros e casas de show.

Medida semelhante também foi adotada pelo governo do Rio de Janeiro, que anunciou a suspensão de todos os eventos, fossem shows, peças de teatro ou exibição de filmes, por pelo menos duas semanas, valendo a partir da última sexta-feira (13). Não obstante, pela primeira vez na história o país não terá a estreia de qualquer longa nesta quinta-feira (19).

Como acontece em Hollywood, as gravações das novelas da Globo foram interrompidas para garantir a segurança de seus funcionários e a emissora anunciou a saída de programas importantes da grade, como o Mais Você e o Globo Esporte, para privilegiar a cobertura jornalística sobre a pandemia. Até mesmo o reality show Big Brother Brasil foi usado como plataforma de conscientização, com o apresentador Tiago Leifert recebendo um médico infectologista para informar os participantes da situação no mundo, recomendar as medidas preventivas e hábitos de higiene adequados e tirar as principais dúvidas.

No mundo da música, turnês internacionais que passariam pelo país em março e abril, assim como o festival Lollapalooza Brasil, também foram adiadas.

O impacto econômico do coronavírus ainda é difícil de mensurar com precisão. De acordo com análise prévia revelada pelo Ministério da Economia na semana passada, a pandemia deve implicar em uma queda de -0,10 pontos percentuais no PIB (Produto Interno Bruto), em um cenário mais otimista. A expectativa mais extrema, por sua vez, aponta uma queda de -0,66 p.p. Estes valores, vale notar, dizem respeito a todos os setores da economia, e não apenas à área de cultura.

Porém, ainda mais significativo pode ser o impacto na vida da população brasileira. Por isso, é importante que você se informe sobre as recomendações do Ministério da Saúde e dos governos do seu estado e município. De um modo geral, evite aglomerações, sobretudo se você é parte do grupo de risco, isto é, se você tem uma doença crônica e ou é idoso. Ainda que você não se encaixe nestas características, se possível, fique em casa e não se esqueça de lavar as mãos com frequência, usar o álcool gel e higienizar áreas e objetos usados por muitas pessoas, como maçanetas.

Caso você tenha febre e outros sintomas, como tosse e falta de ar, vá a um hospital. Mas em um cenário em que você só apresente sintomas leves, como coriza, ligue para o 136 e receba orientações de profissionais. Assim, você evita se expor a eventuais pessoas que de fato tem a doença.

Para saber mais sobre o coronavírus, você pode consultar o aplicativo do SUS (Sistema Único de Saúde), que fornece todas as informações sobre a pandemia. Ele está disponível para Android e para iOS.

Umbrella Academy e Patrulha do Destino: A jornada de Gerard Way nas HQs

Descubra como o músico/roteirista conecta os grupos nos quadrinhos

Umbrella Academy e Patrulha do Destino: A jornada de Gerard Way nas HQs

Artigo originalmente publicado em fevereiro de 2019.

O fato de Patrulha do Destino e Umbrella Academy terem ganhado séries de TV com a mesma data de estreia nos Estados Unidos é mais uma das várias coincidências entre as equipes, que têm muito em comum: além de se tratar de uma espécie de família disfuncional com poderes bizarros, os caminhos dos grupos convergem graças a Gerard Way, conhecido por liderar a banda My Chemical Romance, que já escreveu HQs dos dois times em diferentes ocasiões.

Buscando uma nova abordagem nos quadrinhos alternativos, a DC Comics decidiu lançar em 2016 um novo selo chamado Young Animal, linha editorial que seria um meio termo entre o apelo do universo principal da editora e as obras do selo Vertigo, que há anos se dedicava apenas a títulos autorais. Para capitanear essa nova empreitada, a DC convidou Gerard Way, que além de fazer curadoria dos títulos, escreveu dois deles, incluindo a Patrulha do Destino, revista que iniciou a missão em grande estilo. Way não era marinheiro de primeira viagem, afinal quase uma década antes havia criado Umbrella Academy, série vencedora do prêmio Eisner, o Oscar das HQs.

Quando Umbrella Academy chegou às lojas em 2007, o cenário era bem diferente. Grande parte do público de quadrinhos torcia o nariz para Way, tanto por não acreditar que o rockstar dominaria a escrita, quanto por medo de ser apenas uma “aventura” de quem já tinha fama e reconhecimento. Para a surpresa geral dos leitores, Umbrella se mostrou uma grande HQ ao contar uma história cativante e incomum de uma equipe que embora formada por uma família, trazia pouco amor e carinho entre os irmãos (adotivos, como os personagens fazem questão de reforçar).

Com poderes bizarros, vilões extravagantes e uma ironia constante, o quadrinho ecoava sem nenhuma vergonha o espírito que definiu a Patrulha do Destino no final dos anos 80, na fase que é considerada a “era de ouro” do grupo, quando o escocês Grant Morrison escreveu as HQs da equipe. Umbrella aproveita muitos recursos que Morrison ajudou a estabelecer na Patrulha, especialmente a criação de um universo tão incomum quanto possível, utilizando diversas subversões que tinham a clara intenção não só de surpreender o leitor, mas de fazê-lo rir (ou se horrorizar) com saídas que poderiam soar ilógicas se a história não tivesse uma base tão forte no surrealismo. A admiração fica escancarada quando um dos primeiros combates da revista se passa no “Parque Morrison”.

Anos depois, quando assumiu os quadrinhos da Patrulha para o Young Animal, Way criou uma continuação espiritual da fase de Morrison com uma assinatura própria adquirida com a experiência de Umbrella Academy. Sua versão da Patrulha do Destino apresenta a equipe para um novo público enquanto acena para os fãs antigos ao utilizar personagens e relembrar episódios clássicos da fase do escocês. Na trama, a equipe se reúne para impedir uma ameaça cósmica que apenas esse grupo de desajustados pode lidar após anos separada sem fazer nada de relevante (ou heróico). Embora seja injusto comparar com a aclamada fase de Morrison, a Patrulha de Gerard Way consegue reavivar o espírito mirabolante da série brincando com as noções de realidade sempre que possível.

Além da tendência ao bizarro, os dois títulos têm em comum uma arte fantástica cuja importância Way sempre fez questão de destacar. Umbrella tem desenhos do brasileiro Gabriel Bá, que construiu uma respeitada carreira nos quadrinhos ao lado de seu irmão gêmeo Fábio Moon, e é igualmente responsável pelo sucesso do título ao dar uma identidade a personagens cujas personalidades são determinadas em pequenos detalhes em meio a uma trama cheia de acontecimentos de proporção apocalíptica. Já Patrulha do Destino é desenhada por Nick Derington, que se destaca ao reimaginar personagens com uma trajetória de mais de 50 anos em um design atual e descolado, abraçando toda a bizarrice que a trama exige.

Após dois arcos à frente da Patrulha do Destino, tanto o título quanto o selo Young Animal entraram em hiato, causado não por fracasso de público ou crítica, mas pelo compromisso esporádico do selo que se denominava “pop up” (fazendo referência às janelas de aviso que surgem no navegador) desde o início. Enquanto a pausa na Patrulha não chegava ao fim, o que aconteceu apenas em 2019, Way retomou a parceria com Bá para o terceiro arco de Umbrella Academy. Chamada Hotel Oblivion, a HQ entrou em publicação em 2018, quase 10 anos após o lançamento de Dallas, o segundo volume da história.

Com uma série exibida pela Netflix, as HQs de Umbrella Academy são publicados no Brasil pela editora Devir. Já Patrulha do Destino, que é publicada pela Panini, chegou ao país pelo canal Cinemax.

The Walking Dead aquece episódio morno da 10ª temporada com batalha

“Morning Star” é um filler com alguns bons momentos para compensar

S10E11 de The Walking Dead

Desde a saída de Rick (Andrew Lincoln), The Walking Dead passa por uma boa fase com roteiros melhores e bom controle do ritmo e tensão. A segunda metade da 10ª temporada segue muito bem, mas é esperado que eventualmente algo deixaria a desejar. O episódio 11 é, infelizmente, esse pequeno deslize – ainda que encontre formas de compensar os erros.

[Cuidado! Spoilers do S10E11 de The Walking Dead abaixo]

Morning Star” lembra bastante um capítulo filler da era Scott Gimple, o antigo showrunner. Ou seja, muito da trama parece existir apenas como preparação para algo maior que virá nas próximas semanas. Aqui, isso significa muito diálogo mas com pouco a ser dito. O núcleo de Hilltop é reintroduzido ao programa, mas apenas como cenário para um conflito, sem nenhum avanço significativo.

O que mais ganha atenção é Eugene (Josh McDermitt), que há certo tempo se comunica com uma voz misteriosa através do rádio. O arco é vital para a próxima etapa do programa, quando saírem os Sussurradores e a Commonwealth – comunidade do tamanho de uma cidade – for introduzida. Isso, porém, ainda não está próximo de acontecer, mas é bom ver a relação do personagem com esse vindouro ponto de virada sendo trabalhada. Assim, as grandes novidades não parecerão gratuitas no futuro.

O episódio segue a fórmula de filler, mas compensa a espera com um pouco de ação nos momentos finais. Ao invés de jogar o embate entre os sobreviventes e a horda dos Sussurradores para frente, a briga já começa aqui com o grupo tendo que se proteger de uma ofensiva noturna. É facilmente o destaque, especialmente ao colocar os protagonistas em risco real já que estão em menor número. Eles lutam da melhor forma que conseguem, mas isso não impede que os zumbis derrubem as defesas, enquanto os antagonistas incendeiam os muros da comunidade. “Morning Star” perde um pouco do fôlego da temporada, mas pelo menos entrega algo de bom para os fãs não ficarem de mãos vazias.

No Brasil, The Walking Dead é transmitida aos domingos pelo canal pago Fox, às 22h10, e também pelo streaming Fox App.

How I Met Your Mother | Equipe comenta episódio do tapa de Marshall em Barney

Série, que tinha saído da Netflix, está agora no Prime Video

How I Met Your Mother | Equipe comenta episódio do tapa de Marshall em Barney

How I Met Your Mother é cheia de piadas recorrentes, e uma das mais marcantes era a aposta de tapas entre Barney e Marshall, que durou quase todas as temporadas da série de comédia.

Um dos capítulos a utilizá-la foi “Slapsgiving“, especial de Dia de Ação de Graças da terceira temporada que foi ao ar em 19 de novembro de 2007 nos Estados Unidos. Quando o episódio completou dez anos, elenco e produção explicaram a história de como tudo aconteceu à Entertainment Weekly.

Carter Bays, cocriador, começa explicando de onde surgiu a ideia da aposta dos tapas. “Eu e um amigo do colégio costumávamos nos estapear ocasionalmente. Se bater no ensino médio era nossa forma de diversão. A ideia definitivamente veio daquela época da minha vida.

Isso também ganhou o apoio de Neil Patrick Harris (Barney), por conta de seu relacionamento com Jason Segel (Marshall). “Eu era um ávido fã da ideia. Minha amizade com Jason funcionava nesse estilo de ‘apostas entre cavalheiros’. Nós constantemente nos desafiávamos e divertíamos, então incorporar isso de forma oficial em uma aposta histórica e muito, muito dramática era a nossa praia.

Já para Craig Thomas, cocriador, uma das coisas que fez “Slapsgiving” funcionar também foi a atuação de Segel. “O quão brilhante é Jason Segel passando uma lenta sensação de ameaça para Barney? Jason só fazia aquela olhar fechado para ele com excelência. Isso provavelmente é o motivo para ficarmos revisitando [a piada].” Bays completa: “Jason amava os momentos onde Marshall podia ser um pouco perverso.

O grande momento onde Lilly permite que Marshall acerte o tapa em Barney não foi esperado apenas pelos espectadores, como conta Colbie Smulders (Robin). “Nós estávamos ansiosamente esperando o tapa, talvez tanto quanto o público. Neil é um gênio da comédia corporal, então ele conseguiu fazer funcionar bem.

Falando em comédia corporal, é bom notar que ambos os atores toparam fazer com que a cena fosse mais real o possível. “Foi algo muito intrínseco do DNA de Barney: punição e esse tipo de abandono impulsivo e corajoso pela aventura. Então eu, como ator, senti que seria um erro se não aceitasse fazer as coisas da forma como Barney faria“, disse Neil Patrick Harris.

Lembro que Barney era muito técnico sobre a cena, assim como ele é com toda a comédia. É muito preciso. Houve muitos ensaios. A decisão foi tomada e não faríamos o lance de bater no ar e usar um efeito sonoro“, explicou Bays. O roteirista Matt Kuhn revela que os atores guardaram o acerto para o momento em que as câmeras estivessem ligadas: “No ensaio, Jason não encostava nele mas falava ‘Quando formos fazer isso, vou acertar para valer’. São dois caras que iriam até o limite pelo programa.

Nós só fizemos. Pareceu um pouco com uma fraternidade de universidade. Jason foi lá e estapeou a m*rda do meu rosto“, brincou Harris. “Jason e Neil estavam muito compromissados com os tapas. Eles levaram muito a sério. Foi muito bonito, apenas a comédia física que Neil mostrou foi genial. Me senti muito sortuda de ser parte disso porque tive que estar lá para presenciar“, disse Alyson Hannigan (Lily), que serviu como juíza do tapa.

Até a queda de Barney após levar o golpe foi feita na hora pelo ator. Smulders disse que ficou com medo pelo colega: “Neil virou e então caiu. Nós tínhamos uma mesa de freio, mas ele estava tão perto do piano que eu pensei ‘Ah eu vou presenciar Neil caíndo e quebrando o pescoço, será o fim’. Fiquei muito nervosa com isso porque ele se dedica 100% em tudo que faz, então tinha certeza que ele faria algo convincente de forma grandiosa.

How I Met Your Mother/Divulgação

Pensei que precisava ser mais do que um tapa, precisava ter uma volta da vitória para acompanhar“, explica Bays sobre a música que segue a cena. Já Kuhn explica que a atuação de Neil Patrick Harris quase impossibilitou a gravação – mas de uma boa forma. “Neil tinha que acompanhar com esses chorinhos, como um cachorro. Foi difícil para todo mundo ficar sério com isso, mas eles conseguiram porque são profissionais.

Por fim, Hanningan comenta o legado do episódio. “O que eu acho ótimo da série é que não importa o quão insano é, sempre há um pouco de coração envolvido. É um programa maravilhoso de se fazer parte porque você tem comédia física exagerada, mas sempre girando em torno desses incríveis relacionamentos e essas pessoas de quem você quer ser amigo. Mesmo quando eles estão se estapeando, eles ainda se amam.

Coisas como apostas de tapas eram parte da mitologia, então sempre que a data de Slapsgiving retornava, eu ficava ansioso para manter a chama acessa – e com chama eu quero dizer a mão de Jason e a sensação de tê-la queimando meu rosto como uma tocha“, conclui Harris.

Entenda como o Coronavírus impacta a cultura pop

Surto já causou prejuízo nas bilheterias, adiamento de gravações e mais

Entenda como o Coronavírus impacta a cultura pop

O primeiro semestre de 2020 viu o surgimento de uma novo surto causado pelo Coronavírus. O COVID-19, uma nova mutação da família de vírus descoberta na década de 1960, está se propagando pelo mundo desde dezembro de 2019. Inicialmente espalhado em países asiáticos como a China, o vírus já atinge vários países, com casos na Europa, EUA e até mesmo no Brasil.

E tudo isso também tem reflexos na cultura pop. Com uma contaminação relativamente fácil, através de gotículas respiratórias ou contato com pessoas infectadas, o vírus se tornou uma grande preocupação de toda a indústria e seu público. Confira abaixo as principais impactos até agora.

Impacto na bilheteria mundial

Frederic J. Brown / AFP

Um dos primeiros países afetados pelo Coronavírus foi a China, dona de um dos maiores mercados mundiais para o cinema. Mais de 70 mil cinemas foram fechados no país em janeiro, mês em que foram registradas mais de 9 mil infectados e 200 mortes. De acordo com o THR, o surto pode causar um prejuízo de até US$ 2 bilhões na bilheteria estimada para este ano. Os números podem aumentar ainda mais, já que muitos lançamentos eram previstos para combinar com as festividades do ano novo chinês – celebrado em 25 de janeiro.

Luta entre redes de cinema e serviços de streaming

Na China, o fechamento das salas causou um embate entre os cinemas e os serviços de streaming locais. Como as leis do país só permitem distribuição internacional das produções após a estreia local, algumas distribuidoras optaram por fazer as estreias através de serviços de streaming. Porém, as redes de cinemas se sentiram prejudicadas com a atitude, exigindo intervenção governamental para impedir a medida e prometendo boicote a futuros lançamentos.

No resto do mundo, os serviços de streaming realmente cresceram por conta do risco. De acordo com o analista Dan Salmon, a Netflix teve um aumento de 0,8% em suas ações na Wall Street em meio à maior queda da bolsa de valores de Nova York nos últimos 9 anos por conta da preocupação de seus consumidores em ficar em casa.

Grandes lançamentos com estreia adiada

Grandes lançamentos tiveram sua estreia adiada para não prejudicar seu desempenho nas bilheterias. É o caso de 007 – Sem Tempo Para Morrer, 25º filme da franquia de James Bond, que chegaria aos cinemas em abril e teve sua estreia remarcada para 19 de novembro. Especificamente na China, foram adiadas as estreias de filmes como 1917, Jojo Rabbit e Sonic.

Atraso nas filmagens

As filmagens de grandes produções também foram afetadas pelo Coronavírus. É o caso de Missão: Impossível 7, cujas gravações aconteceriam na Itália, país com mais de 7 mil casos e 360 mortes confirmadas. A produção, que começaria por Veneza, foi adiada para cuidar do bem-estar da equipe.

Medidas de prevenção por parte do sindicato de atores dos EUA

O Sindicato dos Atores (SAG) emitiu um comunicado revelando que estão trabalhando para garantir a segurança de seus membros, cuja segurança é prioridade. Além de exigir que os sets providenciem “amplas quantidades de sabão e desinfetante para as mãos com base de álcool”, a organização aconselhou o adiamento de gravações em lugares de alto risco e que seus membros se mantenham afastados de eventos caso manifestem sintomas.

Cancelamento de shows e festivais

A indústria da música também está sendo afetada pelo Coronavírus. Grandes nomes como BTS, Green Day e Madonna adiaram seus shows na Ásia e na Europa, assim como os festivais Knotfest, do Slipknot, e o SXSW, que foi cancelado pela primeira vez em 34 anos.

O surto fez ainda com que as editoras DC Comics, Valiant, Dark Horse, Oni e Penguin Random House deixassem a Comic-Con de Seattle, que acontecerá entre os dias 12 e 15 de março.

Aumento na procura de filmes sobre infecções

O Coronavírus fez com que filmes cujo tema principal é epidemia voltassem aos holofotes. Foi o caso de Contágio, longa de Steven Soderbergh que chamou atenção pela similaridade com o atual surto. O longa de 2011 acompanha Beth Emhoff (Gwyneth Paltrow) retornando de uma viagem da China antes de desenvolver sintomas que inicialmente parecem uma gripe, mas pioram até uma internação. Eventualmente, o mundo começa a adoecer e a sucumbir à uma misteriosa pandemia. A produção voltou para lista de 10 filmes mais procurados no iTunes nove anos após seu lançamento original.